A mídia é extremamente influente, e as Bets sabem disso. Tanto é que, como já noticiamos aqui (link para o artigo), R$ 10 bilhões ao ano serão investidos pelas Bets em compra de Mídia no Brasil. Contudo, a influência deste tipo mídia sobre pessoas de baixa renda e sobre a classe média é ainda maior: os jogos esportivos online que foram legalizados em dezembro pela Lei 14.790/23, atraem mais os brasileiros de menor renda (C, D e E) do que os de maior renda (A e B), segundo pesquisa do Instituto Locomotiva.
O setor de supermercados, hipermercados e atacarejos, que é o maior do varejo nacional, está preocupado com o aumento dos gastos nesses jogos, que representam 8,5% do seu faturamento anual. Esse percentual é baseado nos números do Banco Central (BACEN), que estimam cerca de R$ 60 bilhões (US$ 12 bilhões a US$ 12,5 bilhões) em jogos digitais em 2023. O varejo alimentar deve faturar cerca de R$ 700 bilhões no mesmo ano – ou seja, quase 10% deste faturamento será comprometido com apostas – é uma perda que o setor sofrerá este ano.
A pesquisa da Locomotiva mostra que 51% dos brasileiros que participam dos “bets” usam o dinheiro que guardariam na poupança (é o maior índice da pesquisa) e 48% usam o dinheiro que gastariam em bares, restaurantes e delivery. Além disso, 45% deixaram de jogar em outros tipos de jogos (como loterias) e 41% deixaram de comprar roupas e acessórios (as perguntas eram de múltipla escolha).
Aqui cabe um comentário: a poupança, historicamente, é o fundo de investimento menos atrativo para o investidor Brasileiro. A projeção atual é que ela renda 6,27% ao ano, já acrescida a T. R. (Taxa Referencial), segundo relata o site Brasil Indicadores (https://brasilindicadores.com.br/poupanca/ ). Ou seja, para quem tem um “valor sobrando”, as apostas e sua promessa de “grandes lucros” e “retorno rápido” – de acordo com a mídia – são mais atrativas para o Brasileiro do que a poupança comum: não se vê vantagem por este público (classe E, D e C) em poupar. Apesar de que, ainda assim, na Pesquisa do Instituto Locomotiva, 48% afirmam que se deixassem de jogar, guardariam o dinheiro na poupança.
Também é preocupante, principalmente em relação às classes D e E: já relatamos anteriormente que “Beneficiários do Bolsa Família chegam a gastar mais de R$ 100 em casas de apostas”.
Uma pesquisa recente do Datafolha, mostrou que 17% dos beneficiários do Bolsa Família jogam ou já jogaram em “bets”, os jogos esportivos online. Desse grupo, 30% gastam ou gastaram mais de R$ 100 por mês. A pesquisa também revelou que 60% dos que jogam e recebem o benefício gastam mais de R$ 50 por mês. Em dezembro, o Bolsa Família pagou R$ 680,61 em média para mais de 21 milhões de famílias.
Em suma, compreendemos que estas classes não só estão deixando de poupar, o que não é prática comum das mesmas, mas, estão, principalmente, deixando de consumir no varejo. Isso representa um grande risco para a economia local: existem pequenos mercados, lojas de rua, mercearias, sapatarias etc. que dependem deste consumo para poderem existirem e gerarem empregos. Uma maior conscientização às estas faixas de renda será necessária até mesmo para buscar o balanceamento de mercado.
A pesquisa a qual nos referimos, entrevistou 1.007 pessoas maiores de 18 anos, em 203 cidades, de 2 a 11 de dezembro de 2023, e a amostra foi ajustada conforme o perfil dos brasileiros no IBGE. A margem de erro é de 3,1 pontos.
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